sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Labirinto Parado.

Primeiro, o rodopiar desesperador da inabalável circunferência. Depois, a nostalgia de um parado labirinto de emoções.

Palavras tortas ramificavam por sua mente, deixando-a ainda mais confusa do que jamais pudera imaginar. O sentimento eternamente mutante perpetuava-se em seu peito – a tristeza, que outrora vermelha e tão cálida como as chamas bruxuleantes, transformou-se num azul profundo e sereno. O tom do inverno enevoado, sob as nuances de um crepúsculo límpido. Soava-lhe mórbido, tal classificação – emoções e cores. No entanto, assim ela as via. O tingir de seus sentimentos tornava tudo mais claro e visível.

Apenas saudades. A ânsia estúpida por tempos inacabados, por dias cujo anoitecer fora perpétuo. Entoava silenciosamente as mesmas músicas, proferia as palavras já conhecidas. Buscava o aroma inebriante que há muito cessara – não podendo convencer a si mesma de que a história finalmente terminara. Era como não crer do belo “fim” estampado na última página de um livro. Tentar prolongar a história, ainda que todos os personagens estivessem mortos. Mortos.

O maior amor do mundo. Parecia-lhe melodramático. Fútil. Sim. Esta era a verdade. No labirinto parado de seu coração, reinava apenas o maior amor do mundo – mesmo que jamais pudesse compreendê-lo. E o relembrar de termos profanos.

O anjo negro caminhava solitário, agora. Sem asas. Sem amor.

Ela era apenas uma menina.

Num labirinto parado.

sábado, 5 de setembro de 2009

Minutos.


Um minuto mais tarde, ela podia sentir a convicção apossar-lhe a alma. Ainda que atordoada por lamúrias e gritos internos, a garota recobrava gradualmente os sentidos. Nenhuma palavra provinda de lábios contrapostos a convenceria do contrário – estava finalmente certa do que era. E, principalmente, do que não era.
Não era bonita, não era rica, não era popular. Não era legal, não era amável, não era magra, não era uma escritora famosa, e nem mesmo tinha uma banda de rock. Não sabia tocar violino, e tampouco conseguira uma boa nota em física. Não tinha roupas legais, não sabia desenhar, e se tornara uma estilista decadente quando notara que seus desenhos eram terríveis. Ela não era nada, afinal. Ou ninguém.
Só mais uma garota problemática. E perdida.
Assistia quieta enquanto contemplava as vidas alheias passando. Adiantando-se, correndo, tornando-se interessantes e invejáveis. Mas a sua vida tinha pés de chumbo. E não sabia caminhar. Aos poucos, tornava-se velha para qualquer tipo de talento – se é que possuía algum.
Dois minutos mais tarde, ela decidiu criar um blog.
Sem um por que, nem um pra quê.
Três minutos mais tarde, ela se sentia uma completa idiota.
Ou uma boneca de plástico incrivelmente estúpida.